Voice User Interfaces: Por um futuro interativo

As Voice User Interfaces (VUI) ou interfaces de voz do utilizador estão a transformar a forma como as empresas interagem com os seus clientes e a redefinir a experiência do utilizador. Em 2025 e nos anos seguintes, espera-se que esta tecnologia se torne um componente essencial para proporcionar novas experiências e interfaces, permitindo que as empresas se conectem com os seus clientes e utilizadores de formas mais intuitivas e acessíveis. A crescente adoção de assistentes de voz, juntamente com os avanços na inteligência artificial (IA) e no processamento de linguagem natural (PLN), está a lançar as bases para uma mudança significativa na forma como interagimos com a tecnologia no nosso quotidiano.

Voice User Interfaces (VUI)

A utilização de VUI pelas empresas nos próximos anos promete revolucionar várias indústrias e redesenhar os produtos de consumo, tornando-os mais acessíveis e personalizados. Esta tendência reflete o crescimento da criação de interfaces que respondem de forma natural às necessidades dos utilizadores, sem necessidade de interação tátil ou visual, abrindo novas oportunidades para produtos que privilegiam a voz como principal canal de comunicação.

A utilização destas interfaces já se tornou popular em sectores como o das casas inteligentes. A adoção crescente de dispositivos como Amazon Alexa e o Google Home está a aumentar cada vez mais as opções de gestão por voz disponíveis para os utilizadores. Outros sectores em que estas interfaces estão a ganhar terreno são o automóvel e o do entretenimento.

No sector automóvel, a importância crescente dos dados dos veículos e da sua gestão está a posicionar a capacidade de interagir com os utilizadores através da voz como um fator diferenciador. Para além das duas grandes interfaces de comunicação para veículos, Android Auto e Apple CarPlay, fabricantes como a General Motors, a Mercedes-Benz, a Renault e a Toyota estão a desenvolver os seus sistemas de interação baseados em VUI.

O sector do entretenimento também está a experimentar um boom na utilização de VUI. A implementação de SmartTVs com reconhecimento de voz e interfaces mais elaboradas permite gerir o número crescente de aplicações disponíveis, tais como serviços de streaming (Netflix, HBO Max, Amazon Prime, etc.) e serviços de TV (ESPN, Movistar+, etc.). Por exemplo, a parceria estabelecida há dois anos entre a Netflix e a SoundHound para implementar uma VUI no Da Vinci Reference Design Kit (RDK) da Netflix, mostra a importância que este tipo de interface terá num futuro próximo.

Paralelamente ao crescimento das interfaces VUI e à crescente procura dos utilizadores, os principais fornecedores de tecnologia já têm serviços disponíveis para aproveitar todo o potencial destas interações. Serviços como o Amazon Lex da AWS, o Azure Bot da Microsoft e o DialogFlow da Google Cloud oferecem duas grandes vantagens:

• Em primeiro lugar, permitem processadores de voz altamente eficientes sem necessidade de desenvolvimento ou investimento significativo na evolução dos serviços existentes.
• Em segundo lugar, a utilização destes serviços em grandes fornecedores facilita a ligação com as suas plataformas de inteligência artificial (como a Amazon Bedrock, Google Gemini e Azure com OpenAI), disponíveis desde o início. A capacidade de interpretação da linguagem natural (PLN) destes modelos marcará um novo patamar na evolução das interfaces VUI.

Assim, e graças à capacidade que já existe atualmente e que continuará a evoluir num futuro próximo, as VUI poderão evoluir e ter um nível de personalização muito mais elevado, que irá melhorar a capacidade de resposta proactiva às necessidades dos utilizadores.

Graças aos serviços descritos anteriormente, as interfaces baseadas em VUI que sejam concebidas poderão ser mais intuitivas, precisas e capazes de lidar com contextos complexos. Estas plataformas integram processamento de linguagem natural (PLN) avançado e modelos de aprendizagem profunda, o que lhes permite interpretar melhor as intenções do utilizador e dar respostas contextuais. Além disso, a sua ligação a outros serviços de IA, não só os grandes modelos linguísticos bem conhecidos, mas também os pequenos modelos já em execução localmente nos dispositivos (SLM, Small Language Models), proporciona capacidades de aprendizagem contínua e personalização em tempo real nos dispositivos do utilizador.

Conclusão

As Voice User Interfaces estão destinadas a transformar a forma como as empresas concebem as experiências dos utilizadores nos próximos anos, abrindo novas possibilidades para produtos que colocam a voz no centro da interação. Com múltiplas aplicações possíveis, e tendo em conta que a voz é a interação mais natural que as pessoas têm ao seu dispor, as empresas deparam-se com a oportunidade e o desafio de implementar novos padrões e experiências de utilizador que permitam desenvolver todo o seu potencial, agora que dispomos da tecnologia necessária para a sua utilização.