Cloud no sector energético: Construir uma sociedade mais sustentável

Quando se fala das vantagens oferecidas pela cloud, surgem expressões como eficiência, flexibilidade, alavancagem da inovação ou controlo de custos. De acordo com a IDC, a adoção de estratégias cloud irá registar uma taxa de crescimento anual de 21,9% até 2025. É evidente que o sector energético está a apostar na transição digital para o desenvolvimento da sua atividade, adotando os serviços cloud como parte da mudança necessária nos paradigmas de produção, distribuição e consumo de energia em prol da sustentabilidade.

De forma geral, um dos benefícios mais amplamente associados à mudança para a cloud é medido em termos puramente económicos. Ao migrar a sua própria infraestrutura de servidores para a cloud, é possível obter uma redução de custos ao eliminar o fator de aquisição e manutenção de hardware. Além disso, a migração pode também afetar positivamente a agilidade em toda a cadeia de valor, permitindo a automatização dos ciclos de produção, o que, por sua vez, leva a um aumento de eficiência.

Entre os exemplos mais interessantes deste modelo em entidades do sector da energia, encontra-se o caso da Repsol. A empresa conseguiu uma poupança de mais de 800 milhões de euros por ano através da implementação de iniciativas digitais, incluindo a transição de mais de 2.500 dos seus servidores para a cloud.

 

 

Motor de Transição Digital

No entanto, embora este seja um fator importante, as vantagens económicas não são a única solução. A cloud é também o motor para a desejada transição digital. A sua escalabilidade e flexibilidade permitem uma maior resiliência empresarial, o que é particularmente importante no atual contexto socioeconómico, marcado pela alta inflação. Neste momento, essa flexibilidade pode ajudar as empresas de energia na procura e avaliação de novos recursos, e para além disso também apreciarão a capacidade de aumentar ou diminuir a sua capacidade, de acordo com as necessidades do momento e dos clientes.

Por outro lado, o investimento na investigação e desenvolvimento de novas tecnologias e processos para melhorar a produtividade e sustentabilidade, desempenha um papel importante na cadeia de valor das empresas de energia. Os serviços na cloud facilitam o acesso a novas tecnologias e áreas de inovação. Este é o caso de empresas como a General Electric. O gigante norte-americano, desde a sua migração para a cloud da Amazon Web Services em 2017, desenvolveu e implementou várias tecnologias para aumentar as suas próprias capacidades digitais para satisfazer a procura de eletricidade com baixo teor de carbono.

Nas palavras de Brian Case, CDO da General Electric, “a migração para a cloud quintuplicou a frequência de implementação de serviços da empresa, estabelecendo um ritmo em linha com as necessidades dos clientes e o crescimento do sector”.

 

Eficiência e Sustentabilidade

A sustentabilidade e a eficiência energética são também fundamentais no processo de produção de energia e a cloud joga a favor da realização destes objetivos. Um bom exemplo é a tendência atual no processo de refinação ou transformação dos recursos energéticos em produtos finais. O caso do petróleo é paradigmático: até agora, a refinação tradicional era um processo dispendioso e pouco sustentável; de facto, o inventário mundial da revista One Earth de 2021 revelou que as emissões de CO2 nas refinarias de petróleo ascenderam a 1,3 gigatoneladas durante 2018, um consumo que poderá ser doze vezes superior em 2030.

Uma tendência que está a ser experimentada atualmente, envolve tanto a cloud como a utilização da inteligência artificial: a transformação das refinarias em centros multi-energéticos. Isto traz duas vantagens principais. Por um lado, a capacidade de transformar recursos e gerar o produto final com uma pegada de CO2 muito baixa; por outro lado, graças à reutilização dos resíduos, há também um impulso para a economia circular. Nesta busca de reduzir as emissões de CO2 e aumentar a eficiência energética, é também de salientar o impacto da cloud no transporte e na venda final dos produtos. Atualmente, de acordo com dados do Ministério dos Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana de Espanha, o transporte de mercadorias é responsável por 23% do total das emissões de carbono no país. Sem dúvida, a transição energética é também digital, e isto implica a transformação radical do modelo de logística.

Além disso, e de acordo com o relatório The Future of Trucks da Agência Internacional de Energia (IEA), a aplicação de soluções como a comunicação entre veículos e centrais elétricas ou a monitorização com feedback, pode reduzir a energia utilizada em 20% a 25%. Além disso, é de salientar que tudo o que está relacionado com a distribuição e comercialização é uma arena muito competitiva e optar por energia sustentável é sempre uma vantagem em relação a terceiros.

 

Segurança da Informação

Por último, deve ser feita uma menção especial à melhoria oferecida pela cloud – em comparação com os sistemas tradicionais internos – no que diz respeito a tudo o que está relacionado com a segurança e a privacidade dos dados alojados. É verdade que a utilização de infraestruturas cloud, requer ferramentas e modelos de segurança específicos, diferentes dos tradicionais, mas a atual oferta de fornecedores oferece uma proteção adequada contra vulnerabilidades e garante a privacidade dos dados sensíveis e um nível adequado de conformidade. Além disso, o seu modelo distribuído, proporciona um grau adicional de resiliência contra desastres para garantir a continuidade do negócio.

O desafio da transição energética do sector, entendido como a evolução estrutural do sistema energético, encontrou um grande aliado na transformação digital. Mas esta relação também é recíproca. De facto, desde 2019, as instituições europeias têm vindo a falar da transição dupla ou híbrida e da necessidade de promover os dois processos em conjunto, a fim de alcançar os objetivos, em termos de neutralidade climática, propostos para 2050 no Pacto Verde Europeu.

A evolução para a digitalização e os modelos em cloud, juntamente com o uso da inteligência artificial, é a chave que abrirá as portas para o desenvolvimento de um futuro mais sustentável, resiliente e amigo do ambiente, especialmente no complexo ambiente socioeconómico de hoje.